Assisti
ontem Undercover Boss, um programa de TV que passa no canal Fox Life, e não
tive dúvidas do que iria postar esta semana.
O
programa relata histórias de grandes empresários/executivos que se disfarçam
literalmente (usam perucas, bigodes postiços, aparelhos, etc) e se “infiltram”
juntos aos funcionários para poder perceber o que se passa nos bastidores de
suas empresas: o que os funcionários acham da companhia, se estão satisfeitos,
se estão realizando suas atividades a contento, como se relacionam entre si e
com fornecedores e clientes, se os processos atendem às expectativas, se a
tecnologia utilizada é a mais adequada, enfim, conhecer a parte mais vital de
seus negócios.
Para
justificar as câmeras, dizem tratar de um Reality sobre empresários fracassados
(do ramo ou não) e que pretendem aprender os processos da empresa em questão para
ter uma nova chance de poder aplicar aos seus negócios e assim alavancar suas
atividades e crescer.
Gostaria
de relatar dois casos muito interessantes (dos 5 que assisti):
O
primeiro trata-se de um advogado de sucesso que pretendia comprar uma vinícola,
pois o seu fundador havia morrido e ele viu grandes oportunidades na
continuidade do negócio.
A
primeira dificuldade que percebeu era o entrave à comunicação. Seus
funcionários eram imigrantes, muitos latinos, e não sabiam falar inglês, apenas
espanhol... Um dicionário tinha que estar sempre por perto para facilitar essa
barreira.
Depois,
sua experiência se deu junto ao motorista que realizava a entrega das
mercadorias e por isso lidava diretamente com seus clientes (grandes
restaurantes, principalmente). Que desastre. Falava tão mal das pessoas, dos
clientes e cada frase vinha acompanhada de um palavrão. Dizia claramente não se
importar com os clientes (que já havia discutido com alguns deles) e que não
trabalhava em equipe - ele era “a sua própria equipe” - e para ele bastava
apenas entregar as mercadorias e pronto.
Outra
experiência foi no empacotamento e depois na loja que realizava degustação e
oferecia cupons de desconto aos novos associados, mas nada de relevante a
observar, a não ser a eficiência e dedicação dos colaboradores nesses setores.
Interessante
foi a lição final do empresário ao perceber que não poderia ser igual ao seu
antecessor (que era muito bom no que fazia e admirado por todos), mas que
poderia abraçar a sua visão. Não havia a arrogância em ser melhor que ninguém, mas a consciência de que havia sido
deixado um legado. Pessoas foram reconhecidas ao final da história e aquele
motorista (lembra-se dele?) relocado de setor (eu pensei que seria demitido), o
moral da história para ele era a de passar por experiências com pessoas de
setores diferentes e ai sim aprender a ideia de “equipe”.
O segundo
caso foi o de uma empresa de artigos para festas, que vendia 65% do que
produzia pela internet. Para serem competitivos, tempo era crucial para baixar
os custos e assim terem diferencial no preço dos produtos... O lema do
empresário era “vender diversão”, mas a realidade para os funcionários não
tinha nada de divertido. Pessoas haviam relatado falta de reconhecimento, ambiente
de trabalho quente, cortes de benefícios, pessoas vistas como números... Entre
um setor e outro, uma funcionária por merecer destaque – era do setor de
empacotamento final: ela preferia
demorar mais arrumando os produtos nas caixas pra que os clientes as
encontrasse organizada, mesmo deixando de receber bônus pela produtividade (já
que recebia menos por produzir “menos”), pois para ela o principal era o
cliente ficar “satisfeito”.
O que
essas histórias têm em comum?
1 - Grandes
líderes têm percebido a importância de conhecer mais a fundo os seus negócios. Reconhecem
que não podem deixar de olhar para o ambiente externo: concorrentes, economia, etc.;
muito menos deixar de olhar para dentro de si mesmos - conhecer pequenos
detalhes que farão uma grande diferença entre “viver” e “sobreviver”.
2- Muitos
empresários já se depararam com situações não poucos comuns de sacrifícios
pessoais e de lealdade dos seus colaboradores, e ao final reconheceram que
também deve haver contrapartida. Que nem sempre certas “economias” compensam ao
final. Que é melhor investir em mão de obra, melhorar os processos para
facilitar o trabalho dos colaboradores, terem pessoas motivadas e não vistas
apenas como meros números, e em treinamentos (o do caso da vinícola, por
exemplo, a companhia iria investir em cursos de idiomas).
3 –
Andar lado a lado com os seus colaboradores os torna mais “humanos”. Não poucas
vezes me emocionei com os casos. Muitas situações pessoais acabaram vindo à
tona e havendo empatia por parte de seus chefes... Lágrimas, abraços, promessas
de que situações como aquela serviriam de lição para que não incorressem nos
mesmos ou em novos erros.
Quisera
todos os líderes passassem por esse tipo de experiência! Descessem dos seus
pedestais e pisassem mais no “chão da fábrica”: Com certeza, teríamos empresas
melhores e pessoas brilhantes!
Até a
próxima!
Brilhante texto! Quem dera todos os nossos empresários lessem e aplicassem as experiências deste blog! Parabéns... muito bom mesmo!
ResponderExcluirObrigada!
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