sábado, 27 de julho de 2013

Undercover Boss - E se Fosse o seu Chefe Infiltrado?





Assisti ontem Undercover Boss, um programa de TV que passa no canal Fox Life, e não tive dúvidas do que iria postar esta semana.

O programa relata histórias de grandes empresários/executivos que se disfarçam literalmente (usam perucas, bigodes postiços, aparelhos, etc) e se “infiltram” juntos aos funcionários para poder perceber o que se passa nos bastidores de suas empresas: o que os funcionários acham da companhia, se estão satisfeitos, se estão realizando suas atividades a contento, como se relacionam entre si e com fornecedores e clientes, se os processos atendem às expectativas, se a tecnologia utilizada é a mais adequada, enfim, conhecer a parte mais vital de seus negócios.

Para justificar as câmeras, dizem tratar de um Reality sobre empresários fracassados (do ramo ou não) e que pretendem aprender os processos da empresa em questão para ter uma nova chance de poder aplicar aos seus negócios e assim alavancar suas atividades e crescer.

Gostaria de relatar dois casos muito interessantes (dos 5 que assisti):

O primeiro trata-se de um advogado de sucesso que pretendia comprar uma vinícola, pois o seu fundador havia morrido e ele viu grandes oportunidades na continuidade do negócio.

A primeira dificuldade que percebeu era o entrave à comunicação. Seus funcionários eram imigrantes, muitos latinos, e não sabiam falar inglês, apenas espanhol... Um dicionário tinha que estar sempre por perto para facilitar essa barreira.

Depois, sua experiência se deu junto ao motorista que realizava a entrega das mercadorias e por isso lidava diretamente com seus clientes (grandes restaurantes, principalmente). Que desastre. Falava tão mal das pessoas, dos clientes e cada frase vinha acompanhada de um palavrão. Dizia claramente não se importar com os clientes (que já havia discutido com alguns deles) e que não trabalhava em equipe - ele era “a sua própria equipe” - e para ele bastava apenas entregar as mercadorias e pronto.

Outra experiência foi no empacotamento e depois na loja que realizava degustação e oferecia cupons de desconto aos novos associados, mas nada de relevante a observar, a não ser a eficiência e dedicação dos colaboradores nesses setores.

Interessante foi a lição final do empresário ao perceber que não poderia ser igual ao seu antecessor (que era muito bom no que fazia e admirado por todos), mas que poderia abraçar a sua visão. Não havia a arrogância em ser melhor que  ninguém, mas a consciência de que havia sido deixado um legado. Pessoas foram reconhecidas ao final da história e aquele motorista (lembra-se dele?) relocado de setor (eu pensei que seria demitido), o moral da história para ele era a de passar por experiências com pessoas de setores diferentes e ai sim aprender a ideia de “equipe”.

O segundo caso foi o de uma empresa de artigos para festas, que vendia 65% do que produzia pela internet. Para serem competitivos, tempo era crucial para baixar os custos e assim terem diferencial no preço dos produtos... O lema do empresário era “vender diversão”, mas a realidade para os funcionários não tinha nada de divertido. Pessoas haviam relatado falta de reconhecimento, ambiente de trabalho quente, cortes de benefícios, pessoas vistas como números... Entre um setor e outro, uma funcionária por merecer destaque – era do setor de empacotamento final:  ela preferia demorar mais arrumando os produtos nas caixas pra que os clientes as encontrasse organizada, mesmo deixando de receber bônus pela produtividade (já que recebia menos por produzir “menos”), pois para ela o principal era o cliente ficar “satisfeito”.

O que essas histórias têm em comum?

1 - Grandes líderes têm percebido a importância de conhecer mais a fundo os seus negócios. Reconhecem que não podem deixar de olhar para o ambiente externo: concorrentes, economia, etc.; muito menos deixar de olhar para dentro de si mesmos - conhecer pequenos detalhes que farão uma grande diferença entre “viver” e “sobreviver”.

2- Muitos empresários já se depararam com situações não poucos comuns de sacrifícios pessoais e de lealdade dos seus colaboradores, e ao final reconheceram que também deve haver contrapartida. Que nem sempre certas “economias” compensam ao final. Que é melhor investir em mão de obra, melhorar os processos para facilitar o trabalho dos colaboradores, terem pessoas motivadas e não vistas apenas como meros números, e em treinamentos (o do caso da vinícola, por exemplo, a companhia iria investir em cursos de idiomas).

3 – Andar lado a lado com os seus colaboradores os torna mais “humanos”. Não poucas vezes me emocionei com os casos. Muitas situações pessoais acabaram vindo à tona e havendo empatia por parte de seus chefes... Lágrimas, abraços, promessas de que situações como aquela serviriam de lição para que não incorressem nos mesmos ou em novos erros.

 

Quisera todos os líderes passassem por esse tipo de experiência! Descessem dos seus pedestais e pisassem mais no “chão da fábrica”: Com certeza, teríamos empresas melhores e  pessoas brilhantes!

 

Até a próxima!

 

 
Agnes Luna

2 comentários:

  1. Brilhante texto! Quem dera todos os nossos empresários lessem e aplicassem as experiências deste blog! Parabéns... muito bom mesmo!

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